Sobre o livro Bicentenário da Independência
Thiarles Soares Silva é um escritor brasileiro e publica seu livro de estreia no gênero ensaio/dialógico, com uma obra de não-ficção chamada Bicentenário da Independência, comemorativa pelo Bicentenário da Independência. Um trabalho que é, na intenção do autor, um diálogo aberto com a Brasilidade, dialogando com as grandes obras não-ficcionais ao povo brasileiro que ajudaram a moldar o pensamento nacional, entre elas a Carta de Achamento do Brasil e os Diálogos das Grandezas do Brasil, são obras que influenciaram a construção de um pensamento nacional e possibilitaram sua posterior independência. São obras que construíram a nacionalidade. Mas o autor denuncia um grave problema que se abateu sobre a nossa cultura; ao longo dos anos, a cultura e o senso de patriotismo brasileiro foi decaindo até o que ele considera o “silêncio abissal” em pleno bicentenário. O que era para ser o novo ápice da cultura nacional, tornou-se no decreto de seu estado moribundo. Ainda há espaço para o patriotismo no Brasil? Esta palavra ganhou ao longo do século XX conotações negativas, por isso, toda a classe falante nacional procurou se afastar dela.
Eis alguns trechos que o leitor verá nesse livro que é singular na produção recente nacional:
"Não estou a escrever para bajular patriotas e a nenhuma corrente política. Não vim para dar tapinhas nas costas de nenhum que venha a se dizer “defensor” do bem comum ou dos interesses nacionais. Eu vim para desmascarar a falsidade que impera entre as classes falantes, sobretudo aquelas que se vendem como representantes da vontade popular. Se alguém quiser saber qual é a minha corrente de pensamento, direi que sou eu mesmo e os meus juvenis anos de vida transcorridos, imaturos e iletrados, ignorados por quaisquer “defensores da civilização” de cujas vozes ressoam nos ares muito superiores da grandiloquente cultura nacional. Mas eu creio que tenho algo a dizer para você que queira saber mais do sentido de ser brasileiro no Brasil do século XXI, e que sente seu orgulho nacional maculado pela indiferença ou mesmo complexo de vira-lata que nos impingiram nas últimas décadas: o Brasil é mais do que essa mesquinharia onipresente. Se você está aqui, é porque sentiu já no título a carência do que é ser brasileiro.
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O espírito de ruptura é o da recriação da nacionalidade: a cada geração, surge um grupo de intelectuais que querem recriar o sentido de nacionalidade, rompendo com o que existiu e com o que existe, e fazendo algo novo, que não existe, e que não se conecta com a história se não para difamá-la e fazê-la odiável aos brasileiros; e nesse espírito de ruptura, querem modificar a história do Brasil, fazendo ignorar ou odiar o próprio passado, ou vê-lo de modo alheio, com desdém, ao que foi realmente. O espírito de ruptura não tem fim, porque ele não pode apagar a existência dos laços humanos, por isso, ele tem que continuar atacando, de geração em geração, mesmo quando o que ele ataca já está há muito tempo morto.
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Havia chegado o ano de 2022 quando percebia o problema: havia um silêncio entre aqueles que pensavam no futuro do Brasil, como que ignorando o seu passado, ou lendo o país e sua história em vista de uma política modista atual. Essa forma de ver o Brasil, a partir do presente, reinterpretando o passado, vem desde os primeiros anos de nossa independência. É que era necessário procurar uma narrativa que justificasse o discurso do momento. No começo era o discurso de se libertar de Portugal, depois o discurso de se livrar do Império, depois o discurso de se livrar da República Velha, e depois, de Vargas, e depois, da democracia; de Jango; dos militares; dos comunistas; dos revolucionários; dos esquerdistas; dos conservadores; do patriotismo; da história; do futuro; e aí chegávamos, enfim, em pleno ano de 2022, sem um alarde ou comemoração pelos 200 anos de nossa independência histórica. A pergunta foi e ainda é: por quê? Por que o silêncio constrangedor do patriotismo em pleno bicentenário ignorado pelo povo e ainda mais pelas classes falantes?
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O Brasil é o País da Esperança, e o contrário da esperança é a angústia; se nós nos deixamos ser tragados pela angústia, não teremos a alegria para a esperança que adviria, porque esperança é uma confiança que age e se percebe como partícipe da vida, a angústia é um desespero, um fechar-se para ser uma luz acesa debaixo da cama. A luz ainda não pode retornar para si mesma, para o próprio umbigo, a luz é por sua natureza uma reta que se impõe ao olhar. Somos o país da esperança, mas também somos o país da angústia, de uma ansiedade que afasta a ordem do porvir e nos faz apressar para hoje o que deve ser plantado agora, e a querermos colher o que ainda não pensávamos plantar ontem.
E assim exposto fragmentos do que há no livro, entre muitas outras coisas e aprofundamentos, o leitor poderá mergulhar no estado da cultura brasileira atual.
Livro Bicentenário da Independência: Recomeço ou Nada
ISBN 978-65-266-0735-0 Número de páginas 270 Edição 1 (2023) Formato 16x23 (160x230) Acabamento Brochura c/ orelha Coloração Preto e branco Tipo de papel Polen Idioma Português